Relação de pais com os filhos

Costumo dizer que os pais não erram, mas tentam acertar (qual pai desejaria o mal a seu filho?) da mesma forma, os filhos fazem tentativas de acertar. Uns fazem mais tentativas e demoram mais tempo para aprender enquanto que outros aprendem em número menor de tentativas, evitando assim, maiores conflitos e sofrimentos.







 Todos temos desejo de aceitação, de sucesso, de ser felizes. Então, todos queremos acertar. Nessas tentativas depara-se o adolescente com o limite, com os parâmetros ensinados pelos pais que eles, adolescentes, deverão seguir até que criem os seus próprios e assumam as suas conseqüências.

É uma fase de mudanças em que o adolescente vai percebendo seu crescimento acontecer e que há um mundo fora de seu lar que o absorve e o vai tornando familiar.
Aos poucos, vai abandonando o seu lar para viver o mundo exterior, aquele que futuramente terá de enfrentar.
Aí surgem questões de comparação e de queixa: os pais do fulano não proíbem a Internet, os pais de sicrano deixam trazer a (o) garota (o) para casa, na minha casa eu não tenho liberdade, nem privacidade, não tenho um quarto só para mim, meus pais gostam mais de meu outro irmão, não estão nem aí para o que eu falo, meus pais são caretas, carrascos, os pais do fulano é que são "beleza". Nem em todas as férias viajo, não compro roupas e tênis de grife, não tenho uma grande mesada. Os pais dos meus amigos não se importam com o quarto bagunçado, não se importam com quem eles saem e a que horas voltam. Não pegam no pé.

Crescem, neste momento, os conflitos entre pais e filhos. Crescem as dificuldades de aceitar a autoridade tanto dos pais quanto dos mestres e muitas vezes os resultados são: baixo rendimento escolar e problemas de relacionamento com os pais.

Nas modificações físicas surgem problemas relacionados com:
IMAGEM CORPORAL: como o jovem se percebe, como se aceita fisicamente e o quanto os pais são solidários as suas queixas.
Essas mudanças corporais são vividas como verdadeiros lutos por perdas da identidade do corpo e dos pais da infância, debilitando o ego.
Podem surgir alterações como:
Obesidade: como escudo ou frustração;
Anorexia: como ideal estético e a luta em não querer crescer;
Bulimia: emagrecer de forma rápida podendo satisfazer a compulsão pêlos alimentos;
Tatuagens - piercing - grafitagem- body modification.
Moda: roupas diferentes do usual, mas que não o diferencie da tribo ou turma.
Quantas vezes surgem discussões entre pais e filhos sobre o uso de roupas "rasgadas", números GG, cores, cabelos, etc.
Nas roupas unissex onde o adolescente vive o conflito relacionado com a dificuldade de aceitar a perda de sua bissexualidade infantil (antes de adquirir os seus caracteres sexuais secundários).
Uniformidade: busca de integração dentro de determinada identidade grupal, uma vez que está fragilizado nessa mudança da infância para a adolescência e o grupo representa uma identidade que o fortifica. Daí tão importante as modas, os costumes, as atitudes, as atividades desportivas e recreativas.
Dificuldade em trocar as roupas sujas: em outras palavras, seria a dificuldade de enfrentar as mudanças corporais e se desfazer das partes do corpo e da identidade infantil. São conflitos com o próprio corpo, ver-se nu, defrontar-se, visualmente com as mudanças corporais, despertando desejo e culpa em si mesmo.

COMPUTADOR, INTERNET E TELEVISÃO
Estes vilões já renderam muitas brigas entre vocês e seus pais, certamente. Horários de dormir, de acordar, de fazer da INTERNET, GAMES ou TELEVISÃO companheiros inseparáveis das madrugadas, o que deixa qualquer pai ou mãe preocupada com o sono, com os estudos, com a postura, com a qualidade da informação recebida e com as dificuldades de relacionamento frente a frente, uma vez que o virtual nem sempre corresponde ao real.

QUARTO (CASTELO)
Que pais não reclamam de ver o quarto com livros, pratos, copos, mochilas, meias sujas, tênis (perfumados), roupas espalhadas pelo chão ou emboladas dentro do armário?
Há pais (e são muitos) que se incomodam com essa bagunça, que exigem quarto arrumado e que não aceitam a idéia do: "este é meu espaço, o meu território!" e que vez por outra abrem gavetas, armários, vasculham bolsos, mochilas, enquanto os filhos se trancam em seus quartos, em seus monossílabos e em seus conflitos interiores.
São pais querendo se aproximar, conhecer o que os filhos não revelam e são filhos escondendo o que não querem revelar.
Ninguém ganha, todos perdem. O diálogo não acontece e aumenta o espaço vazio entre eles.

Outros conflitos poderão estar relacionados
Crises religiosas: adolescência é a fase de intenso misticismo ou de ateísmo absoluto, migrações para crenças contrárias as dos pais, gerando conflitos.

Podem surgir conflitos referentes às condições dos seus lares e das características familiares capazes de afetar o seu orgulho e prestígio: a aparência física de seus pais e irmãos, as condições dos móveis da casa, os hábitos e as maneiras dos pais e dos irmãos, o status econômico e social da família, as exigências que os filhos fazem dos pais a respeito de gastos superiores as suas condições por temerem perder os amigos.

Não é desleal, nem motivos para remorsos ou culpas pôr em dúvida os julgamentos de seus pais, suas idéias políticas, sociais, morais, religiosas.

Isto é dialogar, é aprender, é conhecer os pais, é deixar-se conhecer, é entender que os pais também são sensíveis às transformações do mundo moderno e que pela experiência de vida e pelo amor que eles tem por você, com certeza têm muito que ensinar. É atribuição dos pais ensinar aos filhos valores morais, sociais, religiosos, estabelecer regras dentro de casa e cobrar limites.

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